Não escutas o
vento chorando na janela?
Não sentes a mão
da noite abafando
os gemidos de uma
alma inquieta?
Não vês que as
estrelas desapareceram
e os vendedores
de sonhos
se recolheram
mais cedo?
Talvez seja
preciso abrir a porta do quarto
para que o frio
se aconchegue nos lençóis
e possamos tomar
um pouco de vinho
cantando a canção
que nunca tivemos
coragem de cantar.
Quem sabe o vento
possa trazer o sorriso
que ficou encalhado
no porto da solidão
e o véu do templo
se rasgue de ponta a ponta
deixando
transparecer
nossos corpos
ressuscitados...
E aí se inverterá
o caminho das ondas
e navegaremos mar
adentro
tendo por
companhia
o vento e a luz
das estrelas.
Não escutas a
chuva batendo no telhado
como vultos que
procuram abrigo,
como sonhos em
busca do sono,
como homem a
desejar um amigo?
Tudo há de compor
uma sinfonia final:
o vento, a noite,
as estrelas, os lençóis,
o vinho, a
canção, o sorriso, as ondas,
o pranto se
transformará em riso
e como crianças
brincaremos sobre o leito.
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