sábado, 13 de janeiro de 2018

MUTATIS MUTANDIS - Bartyra Soares

Tomo a forma do mar.

Se é preciso que em minhas águas

navegue o vento e em mim

o sol refaça caminhos

de impulsos e chamas verdes

não me furto ao compromisso que hoje

me impõe esta manhã.

 

Minhas águas de sal e segredo

ferem-se na aspereza dos corais

e por não ser lâmina e por não

ser espinho não tenho

como revidar.  Deixo que minha dor

em mim desabe.  Recolho meu grito

de incertezas e convicções.

 

E quando a última gaivota

da tarde no poente pousar

a sombra do seu cansaço

só então serei quem fui.

Assim sobre penhascos

e dunas não mais depositarei

lembranças e sargaços.

Nenhum comentário:

Postar um comentário