quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

SÓ – Olavo Bilac



Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
- Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! Noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!

E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! Sem luz! Sem deus! Sem fé! Sem pão! Sem lar!

Um comentário:

  1. Gosto muito da poesia de Olavo Bilac.
    Cumprimento a todos os poetas e poetisas.
    Irene Alves

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