segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sonhos de ossos – Seamus Heaney (traduzido por José Antonio Arantes)

Osso branco achado
na pastagem:
a rude, porosa
linguagem do toque

e a amarelenta, estriada
impressão na relva -
um miúdo navio-túmulo.
Inerte como pedra,

sílex-sina, pepita
de greda,
toco nele de novo,
meto-o na

funda da memória
para atirá-lo contra a Inglaterra
e seguir-lhe a queda
em campos estranhos.
2
Osso-casa:
um esqueleto
nos velhos cárceres
da língua.

Rechaço
de dicções,
dosséis elisabetanos,
estratagemas normandos,

as eróticas flores de maio
de Provença
e os latins cobertos de hera
de clérigos

até o zangarreio
do bardo, o lampejo
férreo de consoantes
dividindo o verso.

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