sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

RANCOROSO, MA NON TROPPO – Manoel Herzog

Do nosso amor restou belo monturo:
Garrafa pet, pneu velho, entulho,
Os urubus, pombos do amor, num arrulho
Dançam sobre esta cama, e o barro escuro

Que viraram os sonetos e os "eu juro".
Nosso fubá está cheio de gorgulho,
Pra merda alguma serve o teu orgulho,
Me vejo só na cama, e de pau duro.

Ressentimento, mal-estar, ciúme,
Engulho, lembranças de grandes fodas,
Punheta fria, gozo frio, negrume,

E a depressão que aos versos incomoda.
Meses de fronha suada e barba hirsuta –
Volta pra mim, sua filha duma puta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário