Como serpente arquejante
Se enrosca em férvida areia,
Meu ávido olhar se enleia
No teu colo deslumbrante.
Se enrosca em férvida areia,
Meu ávido olhar se enleia
No teu colo deslumbrante.
Quando o descobres, no ar
Morno calor se dissolve
Do aroma, em que ele se envolve,
Como em neblina o luar.
Morno calor se dissolve
Do aroma, em que ele se envolve,
Como em neblina o luar.
Se ao corpo te enrosco os braços,
A terra e os céus estremecem,
E os mundos febris parecem
Derreter-se nos espaços!
A terra e os céus estremecem,
E os mundos febris parecem
Derreter-se nos espaços!
E tu nem sequer presumes
Que então, querida, até creio,
Sorver, desfeito em perfumes,
Todo o sangue do teu seio.
Que então, querida, até creio,
Sorver, desfeito em perfumes,
Todo o sangue do teu seio.
Depois que aspiro, ansiado,
Do teu níveo colo o incenso,
Minh'alma semelha um lenço
De viva essência molhado.
Do teu níveo colo o incenso,
Minh'alma semelha um lenço
De viva essência molhado.
Deixa que a louca se deite
Nesse torpor, que extasia,
E que o vinho do deleite
Me espume na fantasia;
Nesse torpor, que extasia,
E que o vinho do deleite
Me espume na fantasia;
Pois não há ópio ou haschis (l)
Que me abrilhante as ideias
Como as fragrâncias sutis
Que fervem nas tuas veias!
Que me abrilhante as ideias
Como as fragrâncias sutis
Que fervem nas tuas veias!
..............
(l) Escrevemos hoje
"haxixe".
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