para minha mãe
.......
nave crua do tempo
de pedras pontes presságios
medusas enraizadas
no fundo de uma gaveta
onde dormem traças
e meias sem par
que será do verso erguido
em homenagem à minha avó
costurando bonecas de pano
perdidas nas memórias das filhas
hoje todas grandes
(todas, sem exceção)
era que ano, esse de minha avó,
na praia com cara de sertão?
em que limbo, linha e chita
sua mão ainda hoje exercita
costuras na minha imaginação?
ora veja, tempo, nave crua,
como as coisas são:
da pedra nasceu a ponte
e da ponte o presságio
da mão sumida no verso
perdido na gaveta – qual?
não sei, nem sabe ninguém;
no improviso do resgate, um
novo poema se abre porém,
se enraíza no chão
dos improváveis
como uma flor miúda
inaugura na paisagem
toda uma usina
de sinas insondáveis
O Grande Ateop nasceu do choque de uma constelação fantástica de treze estrelas lá nos limites insondáveis do universo. O Grande Ateop não teve pai nem mãe e nenhum deus ou deusa para gerar sua vida. Sua idade é de bilhões de anos e seus escritos estão em todos os murais das civilizações humanas universais.
quarta-feira, 13 de julho de 2022
COSTURA – Diego Rebouças
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