E o rio que era doce?
A lama matou.
E os peixes, a vida, a população ribeirinha?
A lama matou.
E os sonhos, os desejos, as virtudes e tudo?
A lama matou.
A lama que escorre,
o líquido podre, chorume das almas
dos homens da Vale,
dos homens de cifras,
números,
contratos,
benefícios,
financiamentos de campanhas.
Homens sem poesia,
sem piedade,
sem pêsames,
sem arrependimento.
O rio sem vida vai gritando até o mar
pela justiça que nunca veio,
mas ninguém ouve, estamos surdos
não temos ouvidos para o rio.
O rio se foi,
se perdeu.
E nenhuma urgência é maior
que o rio estendido sem vida no mundo.
O rio morto era doce, acabou.
O Grande Ateop nasceu do choque de uma constelação fantástica de treze estrelas lá nos limites insondáveis do universo. O Grande Ateop não teve pai nem mãe e nenhum deus ou deusa para gerar sua vida. Sua idade é de bilhões de anos e seus escritos estão em todos os murais das civilizações humanas universais.
sábado, 16 de julho de 2022
RIO DOCE - André Merez
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