sexta-feira, 15 de julho de 2022

SE EU SOUBESSE A PALAVRA - Antom Laia López

 

a palavra que nasce no miolo mesminho
da vida que habito a que
apanho dos gromos e das pugas
que es- tarricam vida
a que por vezes abro e aprofundo e bebo e sugo
loucamente a que mondo como se fosse umha noz
que na vega no salitre a que bico
com os meus lábios cortados
pola invernia do frio a que des-visto para fitar
teus seios de leite amazucado
a que me circunda como a amante
que sempre me espera
a palavra, a palavra em corpo
desnudo-essa-na que deito
a palavra no zig-zag da luxúria como
cóbrega nos tornozelos a palavra,
mistura de sangue e barro-lama pe-gada sobre a pel
a palavra que arestora me chama tolo
e louco, barco perdido
a palavra, esse discorrer dos fonemas no epicentro
dos sexos e bate com as silabas nas curvas infinitas
dos canles molhados essa, tabú de desejos,
que se leva nas linguas todos os segundos
abençoada no verbo em coito nos que
as águas se abraçam orgasmo de nuvens
chocando como feras selvagens
a palavra in versus silêncios como lobas nas ilhas a palavra
a palavra a palavra que subjaz no fondo
como cadáveres

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