“¡Ay qué terribles cinco de la tarde! / ¡Eran las cinco en todos los relojes!”
(La Cogida y la Muerte. García Lorca)
Quando menino
Às três horas da tarde, me parecia que
O mundo inteiro estava feliz
Nessa hora, achava-me geralmente no
Quintal da casa da infância, a
Brincar na lavanderia, que me
Parecia um enorme oceano onde
Barcos singravam sem rumo ou destino
Sempre às três horas da tarde
Eu sentia ali a própria felicidade, e o
Engraçado é que sequer portava relógio
Porque nesse tempo o adorno de pulso
Era privilégio dos já crescidos
Sabia eu, porém, a exata hora, eis que
O sol me anunciava a mediação
Entre o início e o fim do entardecer - era
U’a sensação única aquele calor nas
Costas a não incomodar; um afago de
Saudação do astro-rei
Três horas da tarde, dizia então sorrindo
E porque eu me encontrava invariavelmente
Feliz, achava por bem que assim todo
O mundo se pensava naquele instante
É que, para mim, o relógio marcava a
Felicidade, a chegar sempre às três horas
Da tarde. Era lógico, tão lógico que
Nem duvidava da óbvia certeza
Só muito tempo depois, quando
Três horas da tarde passou a ser mero
Referencial de pesarosos compromissos
No enfadonho mundo dos adultos,
Descobri que a felicidade não é
Transportada por relógios
Senão o medidor de felicidade seria um
Relógico, onde os ponteiros só marcariam,
Invariavelmente, três horas da tarde.
O Grande Ateop nasceu do choque de uma constelação fantástica de treze estrelas lá nos limites insondáveis do universo. O Grande Ateop não teve pai nem mãe e nenhum deus ou deusa para gerar sua vida. Sua idade é de bilhões de anos e seus escritos estão em todos os murais das civilizações humanas universais.
terça-feira, 12 de julho de 2022
RELÓGICO – Mantovanni Colares
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