(in
POETAS DA IDADE URBANA, Ed. Do Autor,
Recife/2013)
Subir as montanhas para contemplar
A natureza, o mundo e o próprio ser
Contemplar sem a frágil razão
Observar a vida pulsando nas cidades
Tentar decifrar o próprio mistério da vida
Sua insanidade e destinos da desrazão
Descerrar os véus da intocável hipocrisia
Existirá alguma verdade sólida e de luz
No meio de tanta sede de poder e ilusão?
É possível conceber alguma filosofia
Ou não precisamos dela, pois no fundo
Tudo é nada mesmo e um grande vazio?
E o que fazer com a nossa existência?
Qual o sentido de pensar o ser?
Quando o eterno é a morte e o desvario
Talvez Omar Khayyan esteja certo
O melhor mesmo é beber vinho
Com belas mulheres ao seu redor
Sugar a essência da beleza da flor
Enriquecer-se com os jardins da poesia
Vendo o sol dando luz, vida e frescor
Pois nada mais importa, tudo é loucura
Perda de tempo com o efêmero
Vale mais o sonho, eis a verdade
A única verdade sobre a terra
Pois nela os homens só fazem guerra
Deixando rios de sangue e crueldade
Façamos silêncio a ouvir os pássaros
A sentir a amplidão do singelo amor
Nada buscar só o som do universo
Sorver a cerveja como dádiva noturna
Apreciar os seios de uma bela ninfeta
Com o olhar de um poeta ao fazer um verso
Talvez Omar Khayyan tenha mais verdade
Nenhuma filosofia salvou os homens
Nenhum deus resolveu a dor e o drama
Nada. Não sabemos nada de nada
Os cientistas só arrotam arrogância
Os homens do tempo só fazem melodrama
Rubaiyat para todos os pretensos sábios
Reconheçamos a nossa ignorância
Bebamos com Khayyan o vinho dessa trama
Sob a sombra de uma frondosa árvore
Sem medo da morte. Ela é inevitável
Bebamos à vida, ao amor, o resto é lama.
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