sábado, 13 de dezembro de 2014

A CARNE É CRÁPULA – Mário Chamie


A carne é crápula 
sob o olho cego 
do desejo. 

A carne é trôpega 
se fala sob o pelo 
de outro desejo alheio. 

A carne é trêmula 
e fracta. 
Crina de nervos, 
veneno de víbora, 
a carne é égua 
sob o cabresto 
de seus incestos 
sem freios. 

Fálica e côncava, 
intrépida e férvida, 
a carne é estrábica 
nos entreveros 
do sexo 
com seus desacertos 
conexos. 

Sob o olho 
sem mácula e cego, 
a carne é crápula 
nos arpejos 
indefesos 
de seus perversos 
desejos. 

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