Abril melava o chão da tarde de cajá
e um gato ronronava dentro do meu peito;
as estradas de lama – quase tudo brejo
onde as almas diziam às rãs coisas do mar.
Não se plantava nada, o mato crescia quieto
e era dono de tudo, dono até das telhas;
a chuva disputava os ares com o silêncio
e um barco de papel coloria a correnteza.
O cavalo mancava – cegos pêlo e crina
que a derradeira luz não mais os penteava
-,
a roseta com sangue entre os dentes não
gira;
era a vez da leitura e palavras cruzadas.
Abril jamais me foi cruel e sim molhado
- quem sabe são meus olhos, restos do
naufrágio.
(De: O Vazio e a Rocha)
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