Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu...
E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes o velho drama
do lobo que matou o cordeiro
e lhe comeu o seu pão,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou, — mal ou bem...
Depois, sabes... eu estou cansado
desta farsa.
Histórias, lendas, amores...
tudo me corre os ouvidos
a fugir.
Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada;
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou...
Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz...
............................................
Quero-me só, a sofrer e a arrastar
a
minha cruz!
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