quinta-feira, 2 de junho de 2022

POEMAS de Dionilce Silva de Faria

 

O DISCURSO DO SILÊNCIO

Ainda é tempo
de percorrer estradas não andadas,
de viver as emoções sonhadas ,
de mergulhar no parque da vida,
ler a folha que não foi lida.

Ainda é tempo
de achar o abraço não dado,
aquele beijo não trocado,
enfrentar o medo da perda,
não ficar sempre à esquerda.

Ainda é tempo
de deixar de ser nada,
cantar a vitória da alvorada,
escutar a voz da esperança,
acender a luz da temperança,
de discursar no meu silêncio
a posse de tudo que não tive.

Ainda é tempo
de mostrar tanto amor contido,
ouvir os ecos da noite,
falando ao meu eu sofrido,
palavras de flores, sem açoite,
fazendo-me sonhar, delirar
com um mundo sem cicatriz,
sentindo-me completamente feliz.
.......
LÍNGUA MATERNA

Idioma provindo da mistura,
da cultura de outros povos
que aqui ficaram
sementes plantaram
e geminaram...

Complexa, desconexa,
lira singela, rica, bela.
Trema, hífen, acentuação,
de difícil colocação.
Cacofonia, cacografia
não é fácil não.

Por Bilac exaltada,
por Camões admirada,
em muitos lugares ignorada.
Língua mãe, venha nos socorrer,
queremos o vernáculo aprender,
sem vícios, sem estrangeirismo,
dar asas ao patriotismo,
assistir à língua crescer.

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