quinta-feira, 21 de julho de 2016

PERMANÊNCIAS – Ana Merij


o monograma atávico no linho das horas
vívido, nunca falece, menos esmaece

tua voz, como piche, gravada nas paredes
húmus-lítico nas veias, no dorso do tempo

todas as palavras ditas, todos os gestos
aderências, na pele, nos sulcos do gosto

pela madrugada nua e comprida
nessa manhã que custa a chegar
tua textura e teu sopro tatuados
nas retinas sôfregas dessa casa:
- impotente

um silêncio engasgado invade as nervuras do poema
incrustada nas fibras da página virgem, a tua imagem

dentro da dor persistes em mil fôlegos
calcinando a carne, e artérias da alma

como sentença:- tudo teu é nascente!

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