Poeta, quando te leio, a angústia dolorida
Que te mina a existência e que em teu peito impera,
Faz-me também sofrer, d´alma se me apodera,
Como se da minh´alma ela fosse nascida.
Sinto o que sentes: ora a lágrima sincera
Que foi pela saudade ou pelo amor vertida,
Ora a mágoa que habita em tua alma, -- guarida
Onde a negra legião das mágoas se aglomera.
Não há nos versos teus um sentimento alheio
À dor; neles se encontra a aspereza das fráguas;
Há neles ora o suave e módulo gorjeio
Das aves, ora a queixa harmônica das águas...
Leio os teus versos; e, em minh´alma, quando os leio,
Vai gemendo, em surdina, a música das mágoas...
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