sexta-feira, 14 de setembro de 2018

RAPINA – Bernardo Linhares

Leque ríspido, incoercível pássaro,
asas abertas, navegando cactos,
seguindo a seca que fulmina os círios,
a rapina aterrissa em crucifixo.

Meia noite, pau d’arco, corre a lágrima
da carneira tábida, a nave mármore
com ossos no ninho, coroa e espinhos,
insere duas cruzes no epitáfio,

depois aponta o bico para o céu.
Mal aventurada, cruel, rapina,
fera faminta, infeliz e funérea.

Sua fúria desafia e fascina,
ela, que vigia no mundo a miséria,
a morte, amigo, é que ilumina a Terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário