sábado, 8 de setembro de 2018

SONETO DA FIEL INFÂNCIA - Ribeiro Couto

Tudo que em mim foi natural -pobreza,
Mágoas de infância só, casa vazia,
Lutos, e pouco pão na pouca mesa-
Dói na saudade mais que então doía.

Da lamparina do meu quarto, acesa
No pequeno oratório noite e dia,
Vinha-me a sensação de uma riqueza
Que no meu sangue de menino ardia.

Altas horas, rezando no seu canto,

Minha mãe muitas vezes soluçava
E dava-me a beijar não sei que santo.

Meu Deus! Mais do que o santo que eu beijava,
Faz-me falta o cair daquele pranto
Com que ela junto ao peito me molhava.

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