segunda-feira, 3 de setembro de 2018

NA SOMBRA – Mansueto Bernardi

Este amor que em mim vibra e que ela não conhece,
este amor que tem toda a aparência de um crime,
pois que vibra na sombra e é na sombra que cresce,
este amor, mesmo assim, é sagrado e sublime.

Filtro que me envenena e hóstia que me redime,
grito que é, ao mesmo tempo, imprecação e prece,
amor humilde e triste, amor de quem padece...
Quero, em vão, exprimi-lo! Este amor não exprime.

Adoro-a! E eis-me a viver, no entanto - ó escárnio eterno! -
dantescamente assim atado a esta cadeia,
com os olhos no céu e os pés dentro do inferno.

E quando assim, da sombra, acaso logro vê-la,
cego ser e não vê-la, eu preferira: sei-a
(e o meu braço é tão curto!) alta como uma estrela!

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