Lá vem o trem
arrastando a cidade.
O apito é um guizo
perfurando a tarde.
Não ponham pedras
nos trilhos!
Lá vem o trem
carregado de saudade.
Lá vem o trem
escrevendo um poema
Sobre as linhas
paralelas de aço.
As estações são
vírgulas obrigatórias
Onde se dão as
despedidas doídas.
Lá vem o trem
beijando a chuva.
Lambendo o vento.
Um lamento escorre
atrasado:
Alguém deixou para
trás um grande amor.
Lá vem o trem
cortando o rio.
Cortando a mata e
a estrada,
Rompendo a parede
do sonho
Para brincar com
meninos abandonados.
Lá vai o trem
levando a minha alma
À última parada, ao ponto final.
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