quarta-feira, 22 de agosto de 2018

SONETO – Gomes Cardim

Quando no oceano o sol mergulha, quando
São de ouro as aves, e de chama os lagos,
Vejo envoltas de luz, em mil afagos,
As pombas que, uma a uma, vêm chegando.

E logo surgem os implumes, vagos,
Trêmulos todos, estendendo ao bando
Os biquinhos abertos, implorando
Os beijos maternais, de efeitos magos.

Mas hoje embalde vi chamar... chamar...
Um flébil, triste e pequenino par:
- Não voltara um casal, que aos prados fora.

Então lembrei-me de que tinha outrora
Um lar dileto... e que também agora
Choro os que foram para não voltar.

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