sexta-feira, 26 de julho de 2019

DOIS TRECHOS DE FRANCIS PONGE

Tradução de Júlio Castañon Guimarães

O INSIGNIFICANTE
O que há de mais atrativo que o azul, a não ser uma nuvem, na dócil claridade?
Por isso prefiro ao silêncio uma teoria qualquer e, mais ainda, a uma página branca um escrito quando passa por insignificante.
É todo meu exercício e meu suspiro higiênico.
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A PAISAGEM
O horizonte, sobrelinhado com acentos vaporosos, parece escrito em pequenos caracteres, com tinta mais ou menos pálida segundo os jogos de luz.
Do que está mais próximo, não usufruo mais do que como de um quadro,
Do que está ainda mais próximo, do que como de esculturas, ou arquiteturas,
A seguir, da própria realidade das coisas a meus pés, como de alimentos, com uma sensação de verdadeira indigestão,
Até que finalmente em meu corpo tudo se engolfa e levanta vôo pela cabeça, como que por chaminé que desembocasse em pleno céu.

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