quarta-feira, 3 de julho de 2019

AMARGURA – Lauro Silva

Vida fora, vou só, despercebido,
Inutilmente, como um ser qualquer;
A escutar o responso de um gemido
A todas as palavras que eu disser.

Eterno insatisfeito e incompreendido,
pressinto a anulação do que fizer.
Não recebo um louvor, mesmo fingido;
Não me anima um sorriso de mulher.

A tropegar, sem fé, olhos errantes,
Tangido pela glória dos amantes,
Caminho para um termo que não sei.

E rolo como um seixo no declive,
Ansioso pelo bem que nunca tive
E saudoso do amor que não terei.

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