terça-feira, 9 de julho de 2019

GOSTO PARNASIANO – Gastão Torres

Agosto, mês das árvores despidas;
Os ventos, entre as moitas eriçadas,
Revelam um clamor de suicidas
E a contrição das almas condenadas.

Um funeral de folhas ressequidas
Desprende-se das últimas ramadas;
Contrasta no fulgor das avenidas
A solidão das noites prolongadas.

Definham os narcisos impotentes,
Crispando as longas pétalas dormentes
Na convulsão das flores moribundas.

Paisagem incolor de sóis fugazes,
Sem os matizes e os clarões vivazes
Das estações alegres e fecundas.

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