quinta-feira, 16 de abril de 2020

HELENA - Paul Valéry

Tradução Júlio Castañon Guimarães

Azul! Sou eu... Das furnas da morte eis que venho
Ouvir a onda quebrar nas escadas sonoras;
Rever, douradas, as galeras nas auroras
Sair da sombra pelos remos e seu empenho.

Minhas mãos solitárias invocam monarcas
Cuja barba de sal prazia a meus dedos puros;
Eu chorava. Cantavam triunfos obscuros
E os golfos todos sob as popas de suas barcas.

Ouço a concha abissal, ouço ainda o clarim
Marcial ritmar o voo dos remos; assim
O canto dos galés subjuga o tumulto,

E os Deuses, na proa heroica engrandecidos,
Com o sorriso antigo ante a espuma e seu insulto,
Dão-me os braços complacentes e esculpidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário