terça-feira, 21 de abril de 2020

QUANDO FORES BEM VELHA – Pierre de Ronsard


Tradução de Guilherme de Almeida

Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela
Junto ao fogo do lar, dobrando o fio e fiando,
Dirás, ao recitar meus versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela.

E entre as servas então não há de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando,
Se o meu nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor que o teu nome revela.

Sob a terra eu irei, fantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,
 

Chorando o meu amor e o teu cruel desdém. 
Vive sem esperar pelo dia que vem; 
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida!

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