terça-feira, 29 de dezembro de 2020

AQUI ONDE ESTOU NINGUÉM NUNCA ESTEVE - José Miguel Gómez Acosta

 

Tradução de Francesca Cricelli
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Onde o mapa termina é ali onde começa.
E para chegar não há sequer um trem,
apenas uma rodovia, alguns carros.
O clima é bastante frio;
pelas manhãs neva sob o dossel das casas.
A luz só se vê de tarde em tarde
partindo as janelas em cruzes amarelas
por um instante.
Há duchas nas ruas, água quente
e garotos nus que nunca te cumprimentam.
Um pequeno Yago prodigioso
presenteia a cidade com centenas de aves.
No Café Paris descendo o sótão
um mapa nos recorda que a Europa existe.
A catedral católica é o castelo sujo das crianças.
Neva pela manhã e a neve esgueira-se
sob a terra negra das ruas levemente empinadas.
Às vezes chega um barco e todos
desabotoam suas camisas sinal de alegria.
Às vezes toca a hora na torre vigia
tremendamente antiga erguida há dez anos.
Às vezes as montanhas não tão altas
conseguem aparecer por trás das estátuas.
São doces as estátuas, uma para cada mês, são todas pretas.
O clima é bastante frio; neva pelas manhãs
e pelas tardes chove, o guarda-chuva não faz falta.
Acendem-se pela tarde as luzes das ruas,
passam alguns carros.

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