quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

AMIÚDE – Raul de Carvalho

 

No vale dos afetos
ninguém está seguro:
mingua a lembrança
esquece-se o rosto,
retorna-se ao eu,
os lábios secam, as palavras dormem,
os sonhos dispersam-se
a presença ausenta-se,
há o lago de que não se vê o fundo

e apenas as pequenas ilusões
-um café, o cigarro, a limonada-
imitam dois corações unidos...

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