sexta-feira, 3 de junho de 2016

INTERLÚDIO – Amílcar Dória Matos

Precisamos de datas no interlúdio:
foi antes ou depois de fevereiro?
foi em dezembro que acordamos cedo
e andamos a pescar peixes avaros?
e que setembro aquele de qual ano,
quando a gramática exibiu vogais?

Perguntas básicas, questões vitais:
saber qual eixo onde pendemos fios
que podem destrinçar o nosso rio.

Pois de outro modo, sem o calendário
dos recorrentes focos da existência,
sofremos coordenadas discrepantes,
flutuamos em naves sem velames,
morremos de lembranças arbitrárias.

Neste interlúdio que nos cinge agora,
os signos de um outrora se misturam
aos futuros enigmas delirantes
pelo horizonte que nos fez amantes.

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