sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mais do que a luz - Ramon de Campoamor

(Trad. de Aristêo Seixas)
 
Mais do que a luz da inteligência humana,
 adoro a escuridão do meu desejo;
sobre a verdade, pois, do quanto vejo,
 quero o erro da esperança que me engana.
 
Tendes razão, formosa Soberana,
 que em duvidar e crer muito sobejo:
se hoje da crença o vasto império rejo,
 amanhã sofro a dúvida tirana.
 
Entre crer e não crer, passo, indeciso,
 pela vida, perpétua no quebranto,
 que anda a ceifar e foge de improviso.
 
O duvidar e o crer confundo-os tanto,
que umas vezes meu pranto acaba em riso,
e outras vezes meu riso acaba em pranto.

Um comentário:

  1. O meu louvor à tradução, que assim me permite ter
    contacto com um belíssimo poema de Ramon de Campoamor.
    Irene Alves

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