Precisamos de datas
no interlúdio:
foi antes ou depois
de fevereiro?
foi em dezembro que
acordamos cedo
e andamos a pescar
peixes avaros?
e que setembro aquele
de qual ano,
quando a gramática
exibiu vogais?
Perguntas básicas,
questões vitais:
saber qual eixo onde
pendemos fios
que podem destrinçar
o nosso rio.
Pois de outro modo, sem
o calendário
dos recorrentes focos
da existência,
sofremos coordenadas
discrepantes,
flutuamos em naves
sem velames,
morremos de
lembranças arbitrárias.
Neste interlúdio que
nos cinge agora,
os signos de um
outrora se misturam
aos futuros enigmas
delirantes
pelo
horizonte que nos fez amantes.
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