domingo, 3 de fevereiro de 2019

ÁGUAS RASAS – Sônia Barros

Atrás do muro, o outro lado
do mundo que seu canto curto
não alcança nem ousa — não ousa mais
voo maior que o rastejar.  Aprendeu
a contentar-se com fiapos, trilhas,
trilhos sob o pés descalços,
música de ouvido que vem do rio,
colhida na concha acústica das mãos.
Altas pedras cerceando as águas
rasas de um riacho: tão efêmeras
quanto eternas, asas e muralha.

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