sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

NASCIMENTO – Lya Luft

Viver é a cada dia
partejar a vida.
Que esforço, que dor,
que tempo de espera.
Ela pode nascer com muitos braços
cabeça grande demais
(- às vezes sem pernas).
Abro meu ventre,
minha alma se arreganha
como uma parturiente:
dar à luz dói.
Faço isso todos os dias,
como num palco:
aquele bonequinho
sou eu
num mundo que vou montando.

Mas nem tudo me assusta,
nem tudo me prende:
posso abrir algumas portas,
posso fechar outras,
posso escolher o sexo
e a cor dos olhos de cada momento.

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