Esta
epiderme há muitos muitos anos
me
cobre: guarda algumas cicatrizes,
outras
não lembra mais, e até mistura
uns
caminhos da infância a outros de agora.
As
unhas não direi que são as mesmas
com
que o seio nutriz terei vincado:
são
mais duras, mais feias e mais sujas
—
pois nem sempre de amor e entrega foi
o
chão em que plantei, colhi nem sempre.
Se os dentes não gastei, gastei meus olhos
entrevendo paisagens, vendo coisas,
cegando-me ante sésamos de sombra.
A alma apanhou demais e vai pejada,
mas vão leves as mãos cheias de nada.
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