quinta-feira, 14 de março de 2019

CANÇÃO DOS PUNHAIS APAGADOS – Hunald de Alencar

Dentro do peito eu tenho
quarenta punhais apagados:
sementes de aço na carne
de fruto ou sol esperados
                                                                                               
Eles nasceram das lágrimas
demais pra serem choradas
e no tempo é que fundiram
sua metálica geografia

Dentro do peito eu tenho
quarenta punhais apagados
tatuando de esperança
a pele das agonias

Eis que a hora de acendê-los
sabem os olhos guerrilheiros
abertos nos punhos fechados
Eis que a hora de acendê-los
revelarão os espelhos
do homem multiplicado.

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