Espelho, espelho meu!
Mostra-me a verdadeira face.
Desnuda-me de mim mesma.
De cara com minha cara
Sem disfarce, sem muralha,
Com dedo em riste, mudo
Grita de frente quem sou.
Em tua presença, sem escudo,
Vejo linhas irregulares
Do tempo que envelheceu
Em condições singulares.
Sinalizam minhas perdas
Em momentos e lugares.
Reflete a luz incandescente
Que do meu olhar se perdeu.
Aproxima minha mente
Da graça de um camafeu.
Energiza a pele encorpada
Que, sem visco, esmaeceu.
Não importa, espelho meu!
Se, em tua sentença atroz,
Calas meu canto desentoado,
Aprisionas minha voz.
Sigo a cantar mentalmente
A riqueza dos anos dourados
Que
a vida me deu de presente.
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