Saí
às ruas do Recife
na
luzidia semana
do
doze de março.
Dei minhas mãos
Dei minhas mãos
a
algumas mulheres
e
bebi com vários homens.
Passei pela ponte Duarte Coelho
Passei pela ponte Duarte Coelho
e
vi guirlandas de novas luzes
e o Capibaribe a luzir
e o Capibaribe a luzir
e
a gritar para o Beberibe:
-
Sou o cão sem plumas do poeta!
Dez horas da noite:
Dez horas da noite:
Fiquei
a beber ao pé da ponte,
olhando
a passagem da lua,
até quando a quietude da boemia
até quando a quietude da boemia
começou
a silenciar o lugar.
A noite nada escondeu
A noite nada escondeu
a
não ser alvoradas futuras
e milhares de sonhos humanos
e milhares de sonhos humanos
prestes
a começar outro amanhã.
Na Avenida Guararapes
Na Avenida Guararapes
os
fantasmas da cidade caminhavam:
Mulheres e crianças e homens da noite
Mulheres e crianças e homens da noite
no
eterno lazer de labutar.
E a metrópole gritou:
E a metrópole gritou:
-
Eles querem ser livres notívagos
loucos
pelo prazer de me amar!
Prazer
de amar e viver o Recife
na
luz estelar dos seus rios.
O verso se abrindo
O verso se abrindo
para
algum novo espaço
sem
fim.
Na extinta rua Formosa
Na extinta rua Formosa
onde
a Boa Vista
tem
novo lugar...
- Ah, queria pegar a maxambomba
- Ah, queria pegar a maxambomba
e
viajar pelos subúrbios!
Zé da Silva
Zé da Silva
vomitou
corações coloridos
ao
sair do Bar do Gordo.
Deixou dentro da sarjeta
Deixou dentro da sarjeta
o
coração de Maria José
da
Rua das Fronteiras.
Na Rua da Roda
Na Rua da Roda
a
garçonete Madalena
olhou
os clientes,
e
ficou apaixonada
pelo
livro oceânico
de
um poeta dos arrecifes.
No Bar Savoy
No Bar Savoy
o
poeta encheu o copo
e
emborcou a variedade de álcool.
Olhou para o espaço:
Olhou para o espaço:
os
edifícios giravam
em
rodízio de festa.
De repente,
De repente,
os
mais antigos poetas da cidade
saíram
das tumbas,
recitando versos
recitando versos
vindos
de seus
mergulhos
noturnos
no antigo buraco do mar.
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