quinta-feira, 2 de maio de 2019

DESNUDA E EXPOSTA AOS VENDAVAIS SEM PEJO - Enrique de Resende

Árvore abandonada no caminho;
desnuda e exposta aos vendavais sem pejo,
não tenho sombras para o teu carinho,
não tenho frutos para o teu desejo.

Destroçou-me o infortúnio... Malfazejo
foi-me o destino, e pérfido, e mesquinho.
Guardei no seio o teu primeiro beijo:
tudo o mais se perdeu pelo caminho.

Por que buscas agora o amor desfeito?
- És sonho na minha alma, e sonho morto.
- Sou rosa em tuas mãos, e desfolhada.

Depois de tantos anos, no teu leito
tens apenas sobejos do meu corpo,
da minha alma, talvez, não tenhas nada...

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