Do livro “Terra
dos Homens Clonados” (a lançar)
Sigo por uma
estrada cujas margens
estão repletas de
homens quebrados
vomitados pela
floresta dos deuses vencidos.
À minha frente
outros homens caminham
arrastados por
uma fé que os levam à loucura.
No chão de terra
negra as sombras desaparecem
e por um momento
ninguém sabe o caminho.
O silêncio cai
como uma mortalha de neve
e o instante que
antecede a hora
é como uma garra
de aço na garganta do tempo.
Para escapar eles
caminham de costas
e não percebem a
involução de suas mentes.
O pensamento
agoniza
recolhendo seus
tentáculos
com medo do fogo
do inferno.
A estrada se
alonga como uma seta infinita
e um deus
diabólico destrói a rosa dos ventos.
Segue a turba
pisando nas sombras ocultas
porque antes de
tudo é preciso caminhar.
Todos se olham e
se perguntam: quem somos?
Que estranha
maneira é essa de estar?
Ainda existe um
sonho para sonhar?
A estrada do
silêncio amplia suas margens
para recolher os
corpos dos homens quebrados,
pois dentro dela
alguém caminha
na direção da
luz.
Ouso então
quebrar o silêncio da estrada
e lá do fundo de
minha alma um trovão estronda
anunciando que
somos o que somos
e não há razão para calar.
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