quarta-feira, 14 de abril de 2021

MAREAÇÃO DO ADEUS – Carlos Saldanha Legendre

 

Quilha de sal, adeus na bruma
nos une além, fora do medo.
Não há farol, quando há degredo.
- Quem tanto chora em chão de espuma?

Mastro plantado em cada cedro
de aragem pura, rosto numa
orla de grito, água nenhuma
lá, onde o abismo fez-se quedo.

Velas que levais a longo acre,
dobrai-vos: céleres escorrem -
as esperanças já sem lacre.
A viração no entanto acorre
a esta aurora de massacre,
ungindo o porto onde se morre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário