domingo, 4 de abril de 2021

ANJO – Carmen Regina Dias

 

Era um anjo.
Até começar a beber
na taça dos mortais.
Agora cultiva ervas daninhas,
e se espalha...
Agora destila sua própria cicuta.
Não sabe o mal que se faz.
Pobre anjo...
Não resistiu ao chão movediço
de suas próprias criações.
A alma apagou a luz
e ele dormiu.
Ainda dorme,
nutre fantasias,
recria ilusões.
Já não sabe estar sozinho.
Só, alimenta fantasmas.
Ó anjo, agora, é multidões.

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