domingo, 25 de abril de 2021

PARAFUSO – Nauro Machado

 

Sabem-me o rosto,
sabem-me os pés,
sabem-me a roupa.

Viram-me nu,
viram-me inteiro
no corpo imóvel.

Mas só me sabem,
mas só me veem,
mas só me enterram:

inexistente,
alheio e estranho,
entrado em mim.

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