Não sei desenhar
não sei fazer conta
só entendo de assustar palavras.
Puxo o verbo pelo rabo
finco dente no dorso.
finco dente no dorso.
Quero des-edificar lares
provocar divórcio
entre significante e significado.
Aí será o oco da linguagem varrido pelo
avesso.
Encosto a boca na orelha dos vocábulos
e sussurro:
"Deus é a nossa criação
necessária".
Eles habitam pântanos de pânicos.
Estão prontos para representar meus
terrores.
Eu não espero pelo dia
em que o meu nome flutuará
nas páginas de uma hagiografia.
Não sei qual evangelho rege
as impurezas da minha arte.
Eu transbordo excrescências,
dúvidas, luminosidades.
E...
só entendo de assustar palavras.
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