sábado, 24 de março de 2018

O SANGUE DAS ROSAS – Abdias da Costa Neves

Quando sinto cantarem sobre as telhas
o ouro da luz e a voz das madrugadas,
vou ver morrer no céu as irisadas,
pequeninas e fúlgidas centelhas.

Ainda não despertaram as abelhas
para a festa das ramas enfloradas.
Pássaros dormem. Abertas nas estradas,
rosas pompeiam pétalas vermelhas...

De onde lhe vem aquele sangue rubro?
Sigo, pé ante pé, olho e me encubro
nos roseirais e de onde posso vê-las,

E vejo, então, velando o espaço infindo,
aquele sangue vir do céu caindo
pelos olhos de prata das estrelas...

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