terça-feira, 5 de novembro de 2019

CROQUIS - Zalina Rolim

Quarto de moça: abrindo-se ao levante
Uma janela emoldurada em flores,
Donde se avista o campo verdejante,
Que o sol nascente inunda de esplendores.

Completa ausência de primores d'arte,
Raros adornos, móveis de recreio;
Mas, esvoaçando aéreo, em toda a parte
O grato aroma salutar do asseio.

Ao centro o leito pequenino e leve
Sem ornamentos de maior valia;
Cortinas alvas de um candor de neve
Que a alma refresca e os olhos delicia.

Além a estante de madeira fina,
A mesinha de estudo, a pasta e as penas
Que pacífica e tépida ilumina
A claridade das manhãs serenas.

Rente à janela o toucador e ao lado
Sobre o tapete a cesta de costura;
Flocos, cetins, tesouras de bordado,
Numa engenhosa, artística mistura.

E o sol entrando alegre e satisfeito
Pela janela, fúlgido, alumia
O livro de orações junto do leito
E à cabeceira a imagem de Maria.

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