terça-feira, 5 de novembro de 2019

INSTRUÇÕES FINAIS - Cecil Day-Lewis

Tradução de Ivo Barroso

Há certos princípios para o sacrifício –
Poucos, mas essenciais.

Não me refiro ao ritual. Isto já aprendeste –
A guirlanda, o sal, o uso correto da lâmina,
e o que fazer com o sangue:
Embora valha a pena lembrar-te que não há
Dois sacrifícios que se realizem de maneira idêntica—
Não no que diga respeito a este deus.

A iniciação do celebrante pode ser resumida
a três palavras – paciência, alegria
E desprendimento. Lembra-te de que não sacrificas
em prol de tua própria glória nem pela paz de tua mente:
Estás ali para assistir às partes e agradar ao deus.

Inútil dizer
Que só o melhor é bastante bom para este deus.
Mas o melhor – devo enfatizá-lo – mesmo o teu melhor
Não há de ser de modo algum sempre aceitável.
Não desanimes:
Algum lagarto ou um gato errante
Podem provar de teu sacrifício
E agradecer o deus: não há de ser de todo inútil.

Mas o ponto crucial é o seguinte:
Foste chamado apenas para executar o sacrifício:
Dele participar ou não vai competir ao deus:
E seja o que for que os manuais te ensinem,
Não podes nem ordenar sua presença
Nem mesmo interpretá-la…
Tudo o que podes fazer é torná-la possível.
Se o sacrifício por si mesmo romper em chamas
Sobre o altar, é bom sinal. Mas não
Presumas que foram tua disciplina e dedicação
Que operaram o milagre:
Elas apenas o permitiram.

Sorte é, pois, tudo quanto eu possa
Ou deva desejar-te.
E cada vez que te preparares para inclinar
Sobre a ara e ofertar de novo o que tens a oferecer,
Recorda-te, meu filho,
As três palavras – paciência, alegria, e desprendimento.

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