quinta-feira, 24 de maio de 2018

UM MARINHEIRO E O RECIFE – Pedro Américo de Farias

Indiferente
à verdade e à fantasia

ao traçado do primeiro
e do último arquiteto

à lógica que não seja
a do olho e do tato

ao amor louco dos bêbados ansiosos
e à auto-flagelação dos ressacados

ao deslumbramento do turista aprendiz de hoje
e à lamentosa tortura dos passadistas

à complacência dos podres poderes
e à penitência dos pobres beatos

um marinheiro
pinta para si mesmo
a rua que lhe convém

diminui distâncias e aproxima o porto
desmancha a topografia
recompõe a cidade
sem perder de vista
o mar e a linha do horizonte

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