sábado, 7 de dezembro de 2019

INFÂNCIA – Lucia Hazim

Não deixaram palmo sobre palmo
Cavaram e destroçaram o solo.
E as cabras baliam entre
as entranhas das casas.
Os bárbaros!

Deus havia olvidado seu povo.
Esquecido que um dia palmilharam
a cidade das tamareiras nos dias de Josué.

Então pusemo-nos a caminho
e partimos.
Digo-vos, pois, sob a fé
daqueles que nos antecederam.
Que antes de havermos cruzado
o chão de Nápoles e Roma.

Onde aprendemos
uns mágicos vocábulos.
Era já chegada a primavera.
E passamos a nos abastecer
de frutas e verduras.

Através de uma cestinha
suspensa no ar. Em sua frágil
viagem — para cima e para baixo.
Quase uma história medieval

Digo-vos, pois, outra vez
Não sei de crianças com faces
mais rosadas — e luxo maior.

Um dia, a mulher desceu os sete
lances de escada. E comprou
vestido ornado de renda
para cada uma das meninas.

Um anjo havia passado
E nem percebeu.

Entanto nunca hei de esquecer a beleza
peregrina desta
fábula.

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