sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

PERANTE A DÚVIDA - Galba de Paiva

Penso. E que sou? Diz-me a vaidade — tudo!
Mas a razão imperturbável — nada!
E olhando a vida fico absorto e mudo,
Vendo-a de sonhos puros constelada.

A inspiração segreda-me contudo:
“Canta! Eleva-te á Patria-Iluminada…
“E o previdente espírito sisudo:
“Chora! Se és pó, é certa a derrocada…”

Ah! quanta cousa para ser pesada,
Nessa comedia, nesse grande entrudo,
Onde a alma vive sempre enclausurada!

Mas do termo final já não me iludo:
—Basta a triste certeza de ser nada,
Basta a vaga esperança de ser tudo…

Nenhum comentário:

Postar um comentário